sábado, 1 de abril de 2017

50 anos depois da 'Cum Oecumenicum Concilium'

 mais de 50 anos, o Cardeal Alfredo Ottaviani escreveu a 'Cum Oecumenicum Concilium'. Nessa carta circular, o entao Pró-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, alertava os Bispos para alguns erros na leitura e interpretação dos documentos do Concílio Vaticano II. Aqui fica a lista feita pelo Cardeal Ottaviani, e podemos verificar que os erros são mais actuais do que nunca:

1) Primeiramente, referimo-nos à Sagrada Revelação: há quem recorra à Sagrada Escritura, deixando de lado intencionalmente a Tradição, porém restringem o âmbito e a força da inspiração e da inerrância, já que pensam equivocadamente sobre o valor dos textos históricos. 

2) No que se refere à doutrina da Fé, diz-se que as fórmulas dogmáticas devem ser submetidas à evolução histórica, de tal modo que o sentido objectivo das mesmas seja exposto a mudanças. 

3) Esquece-se ou subestima-se o Magistério ordinário da Igreja, principalmente do Romano Pontífice, de tal maneira que se relega ao plano das coisas opináveis. 

4) Alguns quase não reconhecem a verdade objectiva absoluta, firme e imutável, expondo tudo a um certo relativismo, alegando o falaz argumento de que qualquer verdade deve seguir necessariamente o ritmo de evolução da consciência e da história. 

5) Ataca-se a admirável Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando, ao reflectir sobre a cristologia, utilizam-se conceitos de natureza e de pessoa que apenas podem se conciliar com as definições dogmáticas. Insinua-se certo humanismo pelo qual Cristo é reduzido à condição de simples homem, que foi adquirindo pouco a pouco consciência da sua filiação divina. A Sua concepção virginal, os Seus milagres e Ressurreição são concedidos de palavra, porém frequentemente reduzem-se à mera ordem natural. 

6) Igualmente, ao tratar da teologia dos Sacramentos, alguns elementos são ignorados ou não se lhes presta a suficiente atenção; sobretudo, no que se refere à Santíssima Eucaristia. Não falta quem discuta sobre a presença real de Cristo sob as espécies de pão e de vinho, defendendo um exacerbado simbolismo, como se o pão e o vinho não se convertessem no Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo pela transubstanciação, mas que simplesmente fossem empregados como certa significação. Há quem insista mais no conceito de agape, com respeito à Missa, do que no de Sacrifício. 

7) Alguns desejam explicar o Sacramento da Penitência como um meio de reconciliação com a Igreja, sem explicar suficientemente a reconciliação com Deus ofendido. Pretendem, que, ao celebrar este Sacramento, não seja necessária a confissão pessoal dos pecados, mas que somente se preocupem em expressar a função social da reconciliação com a Igreja. 

8) Não falta quem menospreze a doutrina do Concílio de Trento sobre o pecado original ou quem a interprete obscurecendo a culpa original de Adão, ou, ao menos, a transmissão do pecado. 

9) Não são menores os erros que circulam no âmbito da teologia moral. Com efeito, não poucos se atrevem a refutar a razão objectiva da moralidade; outros não aceitam a lei natural e defendem, por outro lado, a legitimidade da chamada moral de situação. Propagam-se opiniões perniciosas sobre a moralidade e a responsabilidade em matéria sexual e matrimonial. 

10) A todos estes temas, temos de acrescentar uma nota sobre o Ecumenismo. A Sé Apostólica, certamente, louva todos os que nos espírito do Decreto Conciliar sobre o ecumenismo, promovem iniciativas para fomentar a caridade com os irmãos separados e atraí-los à unidade da Igreja; porém lamenta que não falte quem, interpretando a seu modo o Decreto Conciliar, exija uma acção ecuménica que vá contra a verdade, assim como contra a unidade da Fé e da Igreja, fomentando um perigoso irenismo e indiferentismo, que é totalmente alheio à mente do Concílio.

Roma, 24 de Julho de 1966
 + A. Card. Ottaviani


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