sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Um país que perdeu referências morais tem as praxes que merece

O exercício de humilhação do outro é o desporto preferido dos talk-showstelevisivos, não apenas das praxes académicas.

Este país é assim. Ninguém sabe exactamente o que se passou naquela noite no Meco em que uma onda arrastou para a morte seis jovens estudantes, mas em nome do que talvez se tenha passado discute-se acaloradamente se as praxes académicas devem ou não ser proibidas. É a nossa velha tendência para achar que uma proibição resolve tudo, e que uma lei muda o país e as pessoas. É também a nossa irreprimível tendência para nos indignarmos e nos excitarmos, todos ao mesmo tempo, todos em manada – até quando é para criticar o comportamento de manada que é característico das praxes.

Pessoalmente, detesto as praxes. No meu tempo não havia praxes. O que era bom era que os estudantes formassem grupos de teatro ou, melhor ainda, fossem activistas políticos – afinal, era assim no meu tempo.

Podia continuar a repetir frases como estas. Cansei-me de as ouvir por estes dias. Mas não ia a lado nenhum. Não acho que os ideais radicais de muitos dos jovens que, no meu tempo, combateram as praxes e as “queimas das fitas” – e eu estive entre eles – fossem melhores do que a ausência de ideais de muitos dos jovens de hoje, praxados ou não praxados. Não creio que o autoritarismo e o culto pelos chefes que existiam no interior de muitas das organizações radicais dessa época – lembram-se das pinturas murais com o “grande líder da classe operária, Arnaldo Matos”? – revelassem mais cultura democrática do que os exercícios de submissão que caracterizam as praxes.

O meu ponto é outro e é simples: se queremos, e até devemos, discutir as praxes, então convém que também meditemos sobre o ambiente cultural e moral em que medram os seus excessos condenáveis. O problema não é social, como alguns sugeriram, nem tem nada que ver com a actual crise, pois as praxes até renasceram em Portugal numa época de prosperidade e optimismo económico. O problema é mais depressa moral se pensarmos que alguns dos “excessos” que agora nos horrorizam não são tão distintos como isso de algumas “normalidades” que nos entram casa adentro todos os dias.

Como este jornal recordou no domingo passado, a história das praxes é quase tão antiga como a história da universidade. Era mais frequente em Coimbra, mas isso nem surpreende se nos lembrarmos de que era lá que encontrávamos uma maioria de estudantes deslocados e um campus que é o coração da cidade. O ter-se tornado muito violenta em alguns dos novos estabelecimentos do ensino superior não prova que estes são mais pindéricos e desqualificados, pois há praxes ainda mais violentas em algumas escolas de elite, como nos selectos clubes da Universidade de Harvard, para dar só um exemplo.

Ritual de iniciação, a praxe académica também não é muito distinta de outros rituais de passagem, alguns deles vindos da Antiguidade Clássica. Há praxes em clubes, em empresas, em sociedades secretas, havia praxes nas Forças Armadas, há praxes nos casamentos e entre caçadores e pescadores, e todas elas têm um lado tribal – há um preço a pagar, provas a prestar, para entrar para o grupo – e comportam elementos de humilhação e crueldade. E de afirmação da hierarquia. Não estou com isso a justificar os excessos ou sequer a defender essas muitas e variadas praxes, estou apenas a constatar uma realidade antiga e a lembrar práticas que continuam bem presentes em muitos sectores da sociedade. Os estudantes universitários não são, de repente, as ovelhas ranhosas do Portugal contemporâneo.

O que nos indigna, e com razão, não são os acidentes – se é que o que se passou no Meco é resultado de um acidente facilitado por um ritual qualquer. O que nos indigna é a alarvidade, o sadismo, o sexismo, a porcaria, a violência. Só é pena que não indignemos também por a alarvidade se ter tornado cultura dominante e aceite, por encher a programação das televisões, por ganhar às vezes estatuto de arte – já vimos tudo, e já vimos como esse tudo, mesmo o que é deliberadamente ofensivo, seja insusceptível de crítica se provier de um “artista” ou de um “performer”. É a mesma alarvidade que serve para tornar “engraçada” alguma publicidade ou para dar o toque de “irreverência” a tantas canções e que apenas nos arranca um sorriso condescendente. As bebedeiras das “queimas” também não nasceram de geração espontânea, têm antecedentes da cultura dos shots que são servidos sem limites nem regras nos bares adolescentes de todo o país.

Vivemos numa sociedade onde a boa educação é vista como uma coisa antiquada, onde a ideia de cavalheirismo é vilipendiada como sendo reaccionária, onde o insulto grotesco é mais depressa visto como um exercício de liberdade do que como um abuso, onde a exibição pública das misérias da natureza humana garante audiências no prime-time das televisões, onde se aceita essa estranha “normalidade” de as claques dos clubes só se deslocarem rodeadas por polícias, onde se perdeu a noção de que há uma diferença entre vícios e virtudes e reina um relativismo que faz com que tudo se torne equivalente.

O país que se indigna com o sadismo dos duxes veteranoruns é o mesmo país que fez de um romance de contornos sadomasoquistas (ao que me dizem, pois não o li nem tenciono lê-lo) o maior êxito de vendas dos últimos anos. O país político que se exalta a pedir castigo para os jovens universitários é o mesmo que deixou degradar a linguagem política para um nível em que o insulto se tornou corriqueiro e, às vezes, bem visto e aplaudido. O mesmo sucede no interior de muitas universidades, onde há quem não respeite o direito às opiniões diferentes e passe ao ataque pessoal com armas estilísticas que em nada se diferenciam do esterco utilizado nalgumas praxes (ainda na passada sexta-feira isso aconteceu nas páginas deste jornal).

Há aqueles que acham que uma sociedade se molda a talhe de sucessivas investidas legislativas, e por isso já por aí andam a pedir leis e regulamentos. Eu acredito mais nas pessoas e nos combates culturais e morais. Os excessos que existem são crime e como crimes devem ser tratados. Mas o que nas praxes é reflexo da rasquice dominante e da amoralidade pós-moderna não se ultrapassa a não ser começando por dizer que não toleramos a degradação dos valores da civilidade, uma degradação que nos toca todos os dias. Quem é que, por exemplo, ainda se levanta num transporte público para dar o lugar a uma pessoa idosa? É que isso custa um pouco mais do que o único acto de boa educação que parece resistir entre os portugueses, o de dar aos outros a passagem à entrada do elevador...

Quem pensa que se pode viver bem em sociedade sem valores e sem referências morais, à vontade de cada um, sempre a pensar no prazer imediato e irrestrito, só pode esperar uma sociedade reduzida ao código das praxes. É isso que gostava que também estivéssemos a discutir. José Manuel Fernandes in Público


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Frase do dia

“O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado” 

Papa Francisco, hoje na Missa em Santa Marta


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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A Transmissão Textual do Novo Testamento - Nuno CB

Transmissão Textual do Novo Testamento
Breve refutação do livro 'O Último Segredo' de José Rodrigues dos Santos

Nós cristãos devemos olhar para Jesus tal como Ele é, para além de verdadeiro Deus, olhá-lo como um verdadeiro homem, que lia livros, que rezava, que corria, que trabalhava, entre outras coisas próprias do seu tempo.
Jesus não jogava Playstation, mas se calhar já jogava às escondidas com os amigos; não lia o Senhor dos Aneis, mas se calhar leu escritores do seu tempo, entre eles a Sagrada Escritura, ...

É também desta maneira que devemos olhar para a Bíblia, como um conjunto de livros escritos em anos específicos e em culturas específicas. E, ainda que eles revelem a verdadeira Palavra de Deus, este Deus quis que as Suas palavras ficassem escritas desse modo.

O artigo do SNPC* fala numa ciência chamada Crítica Textual, que tem como campo o estudo de textos antigos, da Grécia e Roma antigas, por exemplo, mas também o Novo Testamento, que é o conjunto de textos (Evangelhos, cartas, ...) cuja historicidade o José Rodrigues dos Santos põe em causa.

A maneira de estudar qualquer um destes textos é analisando as cópias dos originais que, no fundo, foi o que nos chegou até aos dias de hoje. Sim, é verdade, por enquanto não se conhecem os originais dos Quatro Evangelhos, mas conhecem-se muitas e muitas cópias, cópias muito muito próximas dos originais. 

Não sei se as pessoas têm noção mas pôr em causa a historicidade do Novo Testamento é pôr em causa a validade de TODOS os documentos históricos até ao século IX mais ou menos. Por exemplo, duvidar de que Jesus morreu ou que profetizou a Sua morte antes de ela acontecer é o mesmo que duvidar das conquistas de Alexandre o Grande.


Na verdade é ainda mais grave.
Das obras literárias que se conhecem da Grécia e Roma antigas (antes de Cristo), as cópias/manuscritos mais recentes que se conhecem remontam ao século IX depois de Cristo. Quanto muito há um ou outro documento que temos, mas é do século IV depois de Cristo. Vejam a centena de anos que vai desde o manuscrito mais antigo que conhecemos até ao tempo do original.
E os manuscritos que conhecemos destas obras clássicas são muito poucos, não existem mais de 30 manuscritos no mundo inteiro de cada obra dessas. E este já é um número altíssimo.
(Eu posso dar os números em concreto, a quem quiser)

Agora vejam o número de manuscritos do Novo Testamento que a arqueologia conhece actualmente:
  • Início do Século II: 2 manuscritos 
  • Final do Século II: 5 manuscritos
  • Século III: 29 manuscritos
(New Testament manuscripts)

Nem vale a pena continuar pelos séculos, que o número de papiros só aumenta.
Não há nenhum texto tão bem comprovado historicamente como o Novo Testamento. E também não há nenhum tão estudado.
Intelectualmente, se eu puser a sua veracidade em causa, não posso acreditar em nada da Grécia e Roma antiga, entre tudo o resto.



Para perceberem a amplitude disto, é importante saber que todos os anos são descobertos cerca de 40kg de papiros só no Egipto. Não fazemos ideia do que isto é, de tanto peso. O processo de tratamento de cada papiro descoberto é muito lento, muitos vêm dobrados, é preciso tratá-los em salas escuras especialíssimas com produtos próprios, é bem capaz de demorar pouco menos de um ano analisar cada papiro.

Passado todo este tempo verifica-se que a maior dos parte dos papiros tem apenas coisas do género "O João comprou uma maçã ao Manel". No entanto, de vez em quando, lá aparece uma parte ou outra dos Sagrados Evangelhos. Felizardo do arqueólogo que os descobre!

É óbvio que entre todos estes manuscritos, que são cópias dos Evangelhos originais, existem variantes acrescentadas pelos copistas, mas a maior parte delas são vírgulas, ou casos em que o manuscrito que se conhece era de um leccionário, portanto tem um "Naquele tempo" a mais ou coisas do género.
De qualquer forma, nenhuma das alterações entre as cópias conhecidas implica uma alteração na Doutrina Católica.

Só para terem noção que isto está mesmo mesmo bem comprovado e estudado, num nível de estudo acima de qualquer outro documento da história da humanidade, existe uma edição do Novo Testamento muito conhecida entre aqueles que sabem disto chamada Novum Testamentum Graece, vulgarmente conhecida como a edição "Nestle-Aland".
"Nestle" e "Aland" são os apelidos dos senhores que começaram a edição crítica do Novo Testamento, em 1898.

Esta edição crítica contém o Novo Testamento todo no grego antigo original em que foi escrito. É uma edição crítica porque cada versículo tem em nota todas as variantes que existem desse versículo noutros manuscritos.
Vejam:
Se carregarem na imagem dá para ver em maior aproximação.

Esta é uma versão do Nestle-Aland com o inglês, para além do grego. Nesta imagem dá perfeitamente para ver o texto da carta de S. Paulo aos Coríntios em grego antigo, tal como se acha que S. Paulo a escreveu. Em baixo, nas notas, tem para cada versículo as variantes que existem noutros manuscritos. Óbvio que nem todos os versículos têm variantes...
Para tentarem perceber a imagem saibam, por exemplo, que as letras maiúsculas que aparecem lá para o meio das notas são as referências dos outros manuscritos onde estão as respectivas variantes.

Eis uma comparação entre dois manuscritos da mesma parte do Evangelho segundo S. Mateus:
Se carregarem na imagem podem ver um zoom.

Em Mat.1:6, por exemplo, vê-se bem a diferença entre as palavras.

Esta análise textual do Novo Testamento é uma coisa recente (≃século XIX), assim como a própria arqueologia. Muitas destas descobertas levaram a Santa Sé a fazer uma revisão do texto latino da Bíblia conhecido por Vulgata, usada desde o século V. A Neo Vulgata entrou em uso em 1979, sob o pontificado do Beato Papa João Paulo II.

Actualmente, em pleno século XXI, existem vários institutos académicos cujo objectivo é apenas o estudo da origem histórica do Novo Testamento.
Um deles é a Pontifícia Comissão Bíblica, da Congregação para a Doutrina da Fé, que tem uma vertente muito mais teológica, como é normal.
Dada a sucessiva descoberta de pergaminhos com o passar dos anos, o Papa João Paulo II pediu a esta Comissão para escrever um documento sobre como a Igreja Católica interpreta e deve interpretar a Bíblia, documento este que é referido no artigo do SNPC.
Eis o documento: aqui.

Já agora, sai uma nova edição do Nestle Aland, com coisas novas, praticamente todos os anos.

Tudo isto mostra a extraordinária veracidade do Novo Testamento como um livro histórico.

Não sei quais as conclusões todas que o José Rodrigues dos Santos tira no livro dele, O Último Segredo, mas sei que quase todos os argumentos dele jogam com esta questão das traduções.
No entanto, como disse, nenhuma variante altera o magnífico e verdadeiro Depositum Fidei da Igreja Católica e, portanto, de Deus.

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*Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. O artigo a que me refiro é este:


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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Quando a adopção é um duplo trauma - Abel Matos Santos

1. Iniciativas legislativas para que se aprove a adopção por pares homossexuais são erróneas e imprudentes porque desprezam os direitos das crianças e ignoram importantes estudos e pesquisas da área psicológica e social no que diz respeito às necessidades daquelas.

2. Cada criança precisa de um pai e de uma mãe. Quando se altera o curso natural da vida, é determinante o superior interesse da criança. Os estudos em Ciências Sociais têm repetidamente demonstrado a importância vital de ambos os progenitores, o pai e a mãe, para um ambiente saudável e positivo no desenvolvimento da criança e os riscos que correm se criados sem um deles. A mãe e o pai trazem contribuições únicas que são essenciais para a sua saúde e bem-estar.

3. Crianças que foram privadas, por exemplo, do cuidado materno durante longos períodos de tempo na fase precoce das suas vidas, revelaram em geral menor capacidade de sentir e de se emocionarem, tendem a criar relações superficiais, a mostrar tendências antissociais e são mais hostis ao longo do seu crescimento.

4. Os pais têm talentos específicos. São bons a disciplinar, a brincar e a levar as crianças a enfrentar desafios. São modelos a seguir para as crianças. A sua presença em casa protege a criança do medo e fortalece a capacidade da criança para se sentir segura. A vasta investigação cientifica sobre os graves problemas psíquicos, académicos e sociais nos jovens criados em famílias sem um dos pais demonstraram a importância da sua presença em casa para um desenvolvimento saudável.

5. Os direitos e as necessidades da criança a uma mãe e a um pai devem ser protegidos pelo Estado. Os adultos não têm o direito de deliberadamente privar uma criança de um pai e de uma mãe.

6. Um estudo australiano (Children in Three Contexts) feito com crianças a viver com casais heterossexuais casados, com casais heterossexuais em união de facto e com pares homossexuais revelou que os primeiros forneciam o melhor ambiente para um desenvolvimento social da criança e para a sua educação, os casais em união de facto eram os segundos e os pares homossexuais aparecem em último.

7. Existem académicos e activistas que se opõem a esta evidência, apoiando-se em estudos malfeitos e metodologicamente enviesados. Dois estudos de 2010 são frequentemente citados porque defendem que as crianças que foram deliberadamente privadas dos benefícios da complementaridade na família com pai e mãe não sofrem danos psicológicos. Contudo, os dados recolhidos são auto-informações dadas pela mãe ou pai, estando estas a par da agenda política do investigador. O que distorce os resultados.

8. Muita da investigação feita com pares homossexuais tem graves falhas metodológicas. É muitas vezes dito que não existe evidência de que as crianças são prejudicadas e agredidas emocionalmente se forem criadas por pares homossexuais. Mas a ausência de evidência não prova que não exista. Quer apenas dizer que não existe evidência.

9. As crianças têm o direito e a necessidade à parentalidade conjunta por um pai e uma mãe. De acordo com um dos maiores psiquiatras americanos (Fitzgibbons), as relações homossexuais não fornecem o ambiente ideal para que se possam criar e educar crianças, por várias razões: primeiro, os pares homossexuais tendem a ser mais promíscuos. Um dos mais abrangentes estudos com pares homossexuais (The Male Couple), revelou que apenas 7 de 156 pares homossexuais tinham um relacionamento sexual exclusivamente monogâmico. A maioria destas relações duraram menos de cinco anos. Segundo, as uniões são muito frágeis. A probabilidade de quebra da relação é elevada nos pares de lésbicas. No estudo de 2010 (US National Longitudinal Lesbian Family Study) 40% dos pares que tiveram um filho (por inseminação artificial) tinham-se separado.

10. Privar deliberadamente uma criança da possibilidade de ter um pai e uma mãe magoa e faz mal à criança. As crianças adoptadas, em geral, vivenciam traumas de abandono precoce, na fase inicial das suas vidas e devem ser protegidas de um trauma adicional como seria esta cruel experiência social.

Estarão os direitos dos homossexuais acima das necessidades e direitos da criança a uma mãe e a um pai? Quem protege estas crianças? Psicólogo clínico e sexologista in Público


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Frase do dia

"Cada Missa bem assistida produz na nossa alma efeitos maravilhosos."

S.Pio de Pietrelcina


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Dez anos depois de "A Paixão" estreia "Filho de Deus"

No próximo 28 de Fevereiro estreia nos Estados Unidos, e depois em todo o mundo, o filme "Filho de Deus", extraído da série de televisão "A Bíblia", que, exactamente dez anos depois de "A Paixão" de Mel Gilbson, volta a levar às salas de cinema a vida, mensagem, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

O jovem actor, o português Diogo Morgado, salienta a importância de dar a conhecer aos jovens, em boa medida desconhecedores da história sagrada, quem foi Cristo.

  
in religionenlibertad.com


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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Einstein e S. Tomás de Aquino

Ao contrário do que pretende alguma propaganda ateia, Einstein não era ateu. Era panteísta, à maneira de Espinosa. 

Encontrei este trecho muito interessante na obra de Max Jammer, Einstein e a Religião:

«Quando G. S. Viereck disse a Einstein, no decorrer da entrevista anteriormente citada, que uma revista de Dublin havia publicado um artigo de um teólogo católico afirmando que a Teoria da Relatividade "apenas confirma os ensinamentos de Santo Tomás de Aquino", Einstein respondeu: "Não li toda a obra de Tomás de Aquino, mas ficarei encantado se houver chegado às mesmas conclusões que a mente abrangente desse grande erudito católico."»

Como podemos constatar, Einstein teve bom senso, como todos os verdadeiros génios.

Naturalmente, podem surgir dúvidas legítimas em relação ao autor do texto que apresentei. Max Jammer é professor emérito de Física e reitor da Universidade de Bar-Han (Israel). Foi colega de Albert Einstein em Princeton (EUA). É autor de várias obras, entre as quais Conceitos de Espaço, prefaciada pelo próprio Einstein, e The Philosophy of Quantum Mechanics, objecto de elogios por parte de Paul Dirac e Werner Heisenberg. Recebeu vários prémios, de entre os quais o prestigioso Monograph Prize of the American Academy of Arts and Sciences.

Pelo que é escusado tentar denegrir a figura e o nome de Max Jammer.
A obra de Max Jammer que referi, e que me serviu de fonte, é uma obra excelente para explicar, nas palavras de um colega de Einstein, como este via a religião, e para desmistificar as afirmações infundadas acerca do ateísmo de Einstein.

Bernardo Motta in espectadores.blogspot.com


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

"Entre os crentes há uma apostasia silenciosa" Cardeal Sarah

A denúncia do presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, em Trieste, no encontro das Conferências Episcopais europeias.


"Mesmo entre os baptizados e discípulos de Cristo, existe hoje um surto de 'apostasia silenciosa', uma recusa de Deus e da fé cristã na política, na economia, na dimensão ética e moral e na cultura pós-moderna ocidental", denunciou-o o Cardeal Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho Cor Unum.


"Involuntariamente - prosseguiu o prelado - respiramos a plenos pulmões doutrinas que são contrárias ao homem e que geram novas políticas que têm um efeito de erosão, destruição, demolição e grave agressão, sobretudo sobre a pessoa humana, a sua vida, a sua família, o seu trabalho e as suas relações interpessoais. Nós nem sequer já temos tempo de viver, amar, adorar. Este é um excepcional desafio para a Igreja e para a pastoral da caridade. A Igreja, de facto, denúncia as várias formas de sofrimento que atingem a pessoa humana".

Segundo o Cardeal Sarah "um humanismo sem Deus, combinado a um subjectivismo exacerbado são o preço a pagar pela assistência internacional, financiada por grupos extremamente influentes e financeiramente poderosos, que aproveitam as instituições de caridade e solidariedade (mesmo as católicas) para fazer passar e mediatizar as suas pérfidas ideologias".

Portanto, para a Igreja, concluiu o Cardeal, "os valores cristãos que a guiam e a identidade eclesial da actividade caritativa não são negociáveis. As instituições de caridade devem rejeitar qualquer ideologia contrária ao ensinamento divino. Devem rejeitar categoricamente qualquer sustento económico ou cultural que imponha condicionamentos ideológicos contrários à visão cristã do homem". in Vatican Insider


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A reforma do Papa Francisco sobre o papel das mulheres: algumas pistas



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domingo, 26 de janeiro de 2014

BBC Vida Selvagem ao vivo na Praça de S.Pedro: Pombas da paz lançadas pelo Papa foram atacadas por um corvo e uma gaivota



by Ansa


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Obrigada, meu Deus - Santa Bernadette, vidente de Lourdes

Pela extrema pobreza em que viveram o paizinho e a mãezinha, pelo pão da amargura e da fadiga, pela ruína do moinho, pelas ovelhas sarnentas...obrigado meu Deus! 

Pela boca a mais para alimentar que eu já era, pelas crianças a que se acudiu e pelas ovelhas guardadas, obrigado! Dou-Te gracas, meu Deus, pelo procurador, pelo comissário, pelos polícias e pelas duras palavras do padre Peyramable! 

Não saberei agradecer-te senão no Paraíso, Virgem Maria, pelos dias em que vieste e pelos outros em que naã vieste! Pela bofetada da senhora Pailhasson, pela troca e pelas ofensas, por aqueles que me tinham por louca ou mentirosa e pelos que me julgavam ambiciosa...obrigado, minha Mãe!

Pela ortografia que nunca aprendi, pela má memoria que sempre tive, pela minha ignorância e pela minha patetice, obrigado! Agradeço-te, porque se tivesse existido na terra uma rapariga mais ignorante e mais parva, Tu a terias escolhido... 

Pela minha mãe, que morreu longe de mim, pela dor que senti quando o meu pai, em vez de abraçar a sua pequena Bernardette, me chamou 'Irmã Marie-Bernard', obrigado Jesus! Agradeço-te por teres enchido de amargura este coração demasiado sensível! 

Pela madre Josefina, que disse que não sirvo para nada, obrigado! Pelo desprezo da madre mestra, pela sua dura voz, severidade e ironia e pelo pão da humilhação, obrigada! Graças por ter sido como sou, e de a Madre Maria Teresa ter podido dizer de mim "Não há nenhuma como tu".

Obrigado por ter sido tão privilegiada na censura dos meus defeitos, de modo que as outras irmãs tenham podido dizer: "Que sorte eu não ser a Bernadette!". Obrigado por ter sido a Bernadette, aquela que ameaçavam de prisão, por te ter visto, Virgem Sanrissima..., por ter sido essa Bernadette tão insignificante e vulgar que, ao verem-me, as pessoas me diziam: "Ela é isto!", a Bernadette que as pessoas olhavam como a um animal raro!

Por este pobre corpo de meter dó, por esta doença que queima como fogo, pela minha carne apodrecida, os meus ossos cariados, suores e febre, pelas terríveis dores que sinto...obrigado, meu Deus! 

E, por esta alma que me deste, pelo deserto das securas interiores, pelas Tuas noites e pelos Teus fulgores; os Teus silêncios e os Teus raios, por tudo, por Ti ausente ou presente, obrigado, Jesus!


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sábado, 25 de janeiro de 2014

Quem pega na Cruz nada teme - Padres na Ucrânia




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Ecumenismo do século XXI - Papa Francisco e a unidade dos cristãos

Hoje, no dia da Conversão de S. Paulo, acaba a semana de oração pela Unidade dos Cristãos.

O pontificado do Papa Francisco não tem ficado atrás dos últimos dois e eis a prova:

.... nas Jornadas Mundiais da Juventude, na praia de Copacabana:



.... em plena semana de oração pela unidade dos cristãos:





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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Frase do dia

"Não há nada mais insensível do que um cristão que não se aplica em salvar os outros." 

S. João Crisóstomo


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Exodus - A Sagrada Escritura volta ao cinema

Promete.
Dezembro de 2014



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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Porque é que os pais perdem a motivação e como podem encontrar a alegria

Lembram-se daquela cena do It’s a Wonderful Life onde o George Bailey se passa em casa [N.T.: ver aqui]?


George: Chamas a isto uma família feliz? Porque é que tivemos estes miúdos todos? Janie, podes parar de tocar esse piano barulhento?! Agora, corta com isso! Pára! 



Janie: Oh Papá! (começa a chorar) 



Mary: George, por amor de Deus, o que é que se passa contigo? 

Isto acontece-me às vezes. Chamo-lhe o "Sindroma George Bailey" ou "SGB" como abreviatura. Todos os stresses da vida acumulam e vocês simplesmente passam-se. Passam-se à séria.

george bailey syndrome
Esta manhã pus-me a olhar para fotografias de família antigas. Vocês sabem, é giro. Ao olhar para as fotografias conseguia reconhecer os anos: "Sim, aquele foi um bom ano. 2009. Olha para nós. Estávamos tão felizes." Ou, pelo contrário, "Oh meu, aquele foi um mau ano. 2011. Olha para mim. Olha para a Joy. Bolas. Foi difícil."
Consegue-se mesmo perceber tudo quando olham para a minha cara e da Joy. Estamos a sorrir, mas há qualquer coisa de cansaço nos nossos olhos.
Depois de as crianças estarem na escola hoje, a Joy e eu falámos sobre os anos. Porque é que uns foram bons tempos e outros tão difíceis? Acabámos de ter o nosso sétimo bébé, por isso estamos a começar a perceber isto melhor e a reconhecer os padrões. Eis o que eu descobri. Estas são as minhas reflexões pessoais. Não pretendo que sejam conceitos universais.
Porque é que os pais perdem a motivação:
  1. Falta de Sono. Os 5-9 meses depois do nascimento de um bébé custam ao corpo e à mente. A falta de sono é de facto um obstáculo à felicidade. A paciência é curta. Para mim, 2007 (depois do nosso quarto bébé) e 2011 (depois do nosso sexto bébé) foram mesmo difíceis para mim.
  2. Incerteza. Quando eu deixei o 'sacerdócio' episcopaliano e me tornei Católico, tudo isto veio com incerteza. Caí na falta de motivação. Os meus anos mais escuros foram 2007 (novo bébé e novo trabalho, nova cidade, tornei-me Católico) e, mais uma vez, 2011 (novo bébé, tentar acabar o Doutoramento, incerteza sobre o emprego).
  3. Medos financeiros. Nada vos torna tão deprimidos e desencorajados como ver uma conta bancária chegar aos $0.00. Pior ainda, a acumulação da dívida é escravidão ao máximo. Quando falo com homens por todo o país, o seu medo número 1 em ter uma família grande é financeiro. (Para a mãe é a fadiga emocional - provavelmente relacionada com a falta de sono e exaustão total.)
  4. Conselhos (e troça) da família e amigos. Oiço histórias tristes sobre isto a toda a hora. Estranhos, amigos (e pior ainda toda a família) vão questionar a prudência e a responsabilidade dos pais. Não só o tamanho da família, mas cada detalhe: a dieta dos filhos, o entretenimento dos filhos, a educação dos filhos, a religião dos filhos, o horário dos filhos, etc. Sem parar. Todos têm uma opinião e acumulam-na aos ombros dos pais.
  5. CríticasVivemos num bairro sem muitos miúdos. A polícia esteve em nossa casa ontem porque os nossos vizinhos ligaram para o 911 (outra vez). Porquê? Qual foi o crime? Os nossos filhos estavam a brincar no fim da rua. O polícia: "Tecnicamente é ilegal brincar na rua. Mas sim, eu sei. Eu cresci a brincar na rua." Só vos apetece atirar as mãos ao ar. "Oh, ok, senhor guarda. Vou fechar os miúdos em casa a partir de agora e vou metê-los a jogar videojogos o dia todo - o senhor sabe, esses videojogos onde eles andam por aí a disparar para pessoas. É melhor?" Acontece de outras maneiras. O sacerdote e os paroquianos a criticar-vos pelo comportamento dos vossos filhos na Missa. Ou apenas o "olhar" que alguns fazem que é pior do que alguma coisa que pudessem ter dito.
Eu não passo por estas coisas a toda a hora, mas às vezes. Estes factores acumulam-se com o nascimento de um bébé. Como disse, com o nascimento de um bébé têm:
  1. falta de sono
  2. incerteza
  3. instabilidade financeira
  4. montes de conselhos não pedidos
  5. críticas (dos outros e algumas vezes da vossa mulher)

O Sindroma George Bailey: O que fazer?

Bem, a minha tentação é voltar-me para dentro, tornar-me sombrio e ficar agitado com a minha mulher e filhos. É horrível. Eu lamento-o. Mais ainda, arrependo-me disso.
Quanto estávamos a ter o bébé número 5 (para mim isso foi em 2009), fui tomar café com um homem Católico que respeitava. Tom Spence. Ele tem 10 filhos. É espectacular. Depois de falar com ele deixei naquele dia o Starbucks com duas lições:
1) Devo cultivar uma profunda vida interior de oração, penitência, leitura espiritual. Tem que ficar tão profunda como o Grand Canyon.
2) Tenho que ser intencional com a minha vida: dormir, fitness, casamento, vida emocional, etc.

Conselhos práticos para os pais

De certo modo, as minhas reflexões e os podcasts sobre ser pai e viver são meramente um resumo destas duas lições. E deixem-me dizer-vos, eu escrevo este blog e gravo podcasts como uma espécie de terapia para mim mesmo. Estou-me a dar conselhos a mim para que não me continue a esquecer.
Se vocês e eu estivéssemos a tomar café juntos e a falar sobre ser pai e o SGB, eis o que eu diria a cada pai. (Tenho que deixar a Joy dar a versão mãe-esposa algum dia)
  1. Escrever objectivos pessoais em três categorias: Quero ter, quero fazer, quer ser. Preencham cada categoria e sejam 100% honestos com vocês mesmos. Se querem um fato de seda, uma Harley ou bilhetes para o campeonato, não mintam a vocês mesmos ao não escrevê-los. Escrevam-nos. Escrevam tudo. Deve demorar apenas 5 minutos. Se demorar mais, estão a analizar tudo demasiado.
  2. Agora criem uma hierarquia para esses objectivos de modo a que possam viver uma vida com vontade. Como expliquei no meu post sobre fazer objectivos, comecem com Deus, a vossa alma, o vosso corpo, a vossa mulher, os vossos filhos, finanças, etc. Eu acredito que os objectivos espirituais estão primeiro e depois os objectivos pessoais (alma e corpo) vêm a seguir, seguidos da família. Podem discordar. A minha defesa desta ordem pode ser encontrada aqui.
  3. Três coisasA alegria sobrenatural nesta vida vem-me quando faço as seguintes coisas diariamente:
    1. cumprimento dos meus objectivos espirituais: oração mental, leitura da Escritura, Terço
    2. cumprimento do exercício físico - normalmente correr ou levantar pesos
    3. trabalho mental criativo que completa os objectivos planeados previamente
Se todos os três forem feitos, sou um grande homem para a minha mulher e para os meus filhos. Se não, não sou.

Conclusão: Rever George Bailey

Olhem, se não escreverem intenções ou objectivos, a vida vai passar e vai esticar-vos até estalarem. Têm que planear. Não conseguimos prever tudo. Ainda fico cego. Mas a vida é demasiado curta e a minha família demasiado preciosa para me deixar ir abaixo e ficar em baixo.
Se estão pouco motivados e em baixo. Não se preocupem. Não se sintam perdidos. Deus está convosco. Emanuel. Ele vai ajudar-vos mesmo que ninguém o faça. Aproximem-se dEle. Se precisarem mesmo de motivação, por favor vejam estes 12 atributos que Deus vou deu em Cristo.
E homens. Encontrem o vosso vigor e bravura outra vez. Escrevam uma nota à vossa mulher. Vão para casa e dêem-lhe um grande beijo em frente aos miúdos. Deixem-na saber (e os miúdos saberem) que vocês a amam a ela e a eles e que são o herói da casa deles.  Taylor Marshall



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Obras de reparação do Cristo Redentor...Wow




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Frase do dia

"O mundo vive muito com uma finalidade terrena; os homens sonham com esta vida em que tudo é vaidade, e assim não conseguem encontrar a verdadeira felicidade, que é o amor de Deus." 

S. Rafael Arnaiz Baron, monge trapista


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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

É oficial: D. Álvaro del Portillo beatificado a 27 de Setembro em Madrid

A fonte desta vez é a própria Santa Sé.

A cerimónia de beatificação será presidida pelo Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, o Cardeal Angelo Amato, e terá lugar em Madrid.

No dia seguinte, Mons. Javier Echevarria, Prelado do Opus Deis, celebrará uma Missa em acção de graças.

"Neste momento de profunda alegria - disse Mons. Javier Echevarría - desejo agradecer ao Papa Francisco a beatificação deste Bispo que tanto amou e serviu a Igreja. Desde agora pedimos ao futuro Beato pelas intenções do Santo Padre: a renovação apostólica e o serviço a Deus de todos os cristãos, a promoção e ajuda aos mais necessitados, o próximo Sínodo sobre a família, a santidade dos sacerdotes."

in opusdei.es

Trailer do documentário mais recente sobre D. Álvaro: 




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A minha conversão ao Catolicismo - Gabriel Campos

“A dificuldade em explicar ‘por que sou Católico’ é que há dez mil razões para isso, e todas se resumem uma núnica: o catolicismo é verdadeiro”. G.K. Chesterton

Nasci em uma família de longa e larga tradição Protestante. Os avós maternos do meu pai, meus bisavós, já eram integrantes de uma Igreja Baptista no início do séc. XX, e minha família, salvo algumas excepções, assim permanece até hoje (não tratarei aqui da peculiar condição dos Baptistas em relação aos protestantes históricos, prefiro igualá-los neste momento).

Por volta de 1981, quando eu tinha 15 anos, fui batizado na Igreja Baptista Calvário em Itapetinga. Vivi a minha fé protestante com paixão, leitura intensa da Bíblia, livros teológicos e de história da Igreja. Por algum tempo, pensei em tornar-me Pastor. Na verdade, em 1985, quando cheguei em Brasília com 19 anos, estudei num Seminário da Assembleia de Deus durante 1 ano.

Mas, sempre admirei a gostei da Igreja Católica. Li alguma coisa sobre a Igreja Católica, ainda em Itapetinga, e fui lendo ao longo do tempo. Assim, desenvolvi um sentimento duplo em relação à Igreja.

De um lado, admirava-a, pois enfrentou Roma, foi perseguida, sobreviveu à queda do Império, enfrentou e sobreviveu à Idade Média, guardou a cultura clássica, sobreviveu ao Renascimento, ao Iluminismo, à Revolução Francesa, sobreviveu a dois Cismas (o Cisma do Oriente em 1054 e a Reforma em 1517), conviveu e não se contaminou frente a duas Guerras Mundiais e segue no mundo do sec. XXI. E ainda assim, a Igreja mantém-se: una e íntegra,  não obstante os percalços, os problemas, os erros dos seus integrantes. Indubitavelmente, é impossível acumular um mínimo de conhecimento e não admirar a Igreja Católica.

Mas de outro lado, eu tinha de ser anti-católico, com todas as opiniões, crenças, fantasias e desconhecimentos que os Protestantes têm em relação à Igreja e a sua doutrina. Sim, tinha de ser anti-católico, pois como Protestante eu tinha uma ideia caricata da Igreja Católica.

Acompanhei, como qualquer pessoa minimamente informada, o pontificado de João Paulo II e a sua enorme influência no final do séc. XX. Como um esquerdista que era na década de 1980, acompanhei o processo contra o então Frei Leonardo Boff, em torno de sua obra “Igreja, Carisma e Poder”. Nessa época conheci e aprendi a admirar a imponente figura do então Cardeal Joseph Ratzinger. Também acompanhei a agonia e o falecimento de João Paulo II, seguida do conclave e do papado de Bento XVI; a sua renúncia, e a chegada de Francisco.

Aqui, um parêntesis para falar da Rivanda. Em 1989, quando eu tinha 23 anos, e morava em Brasília, conheci uma moça de 19 anos que tinha acabado de se converter ao protestantismo: era a Rivanda. Como ela não resistiu aos meus encantos, resolvemos casar-nos, o que fizemos em 1990 numa Igreja Baptista. Daí nasceu o Ciro Brasil Campos, em 1992.

Algumas leituras e estudos mais recentes fizeram-me mudar por completo o pensamento. A leitura da história da Igreja, a leitura dos Padres da Igreja (Policarpo de Smirna, Inácio de Antioquia, Clemente de Roma, Ambrósio, Jerónimo, João Crisóstomo), além, claro, de Agostinho e Tomás de Aquino, à luz da Bíblia, fez-me ver que algo estava “complicado” com o Protestantismo.

Mas de um modo nostálgico, não queria abandonar Jan Hus, Wycliffe, Lutero, Calvino, Zwinglio, Melanchthon e os demais reformadores. Dessa forma, o que fiz foi o confronto do pensamento, da doutrina e da tradição católica, com o pensamento, doutrina e tradição protestante.

Nos últimos dois anos, já estava consciente de que tudo o que eu pensava sobre a Igreja Católica e o que os protestantes pensam da Igreja Católica é apenas uma caricatura, uma versão-espantalho. A Igreja é muito mais sublime, rica e cristã do que julgava a minha vã filosofia protestante.

Depois de muito pensar a respeito, orar e conversar com Rivanda, tomando sempre como referência a Bíblia, tomei a decisão de ir a uma Missa. Comprei um pequeno livro litúrgico para compreender cada acto da Missa e, no dia 15 de Setembro de 2013, fui então à igreja mais próxima de casa, a igreja de Nossa Senhora de Nazaré.

Fiquei absolutamente impressionado com a Missa e pela primeira vez cheguei à conclusão de que aquela era a Casa de Deus e era o meu lugar. Após a Missa, falei com o Padre Roberto Carlos Rambo (acreditem, Rambo é sobrenome de origem alemã, não tem nada a ver com o filme) sobre a minha crise e conversamos algumas vezes.

Interessante notar que nos encontros seguintes que tive com o Padre Rambo, ele jamais se portou como um proselitista, jamais estimulou a minha entrada na Igreja Católica, sempre foi um ouvinte, sempre me deixando à vontade.

Rivanda, no Domingo seguinte (22/09/2013), começou a ir à Missa comigo e mesmo com alguma relutância, passou a ler alguns textos católicos e o Catecismo. Não demorou muito tempo a convencer-se que jamais deveria ter saído da Igreja.

Actualmente, estamos na mesma Igreja. Rivanda deverá receber o sacramento da confissão no início de Janeiro e voltar à Barca de Pedro. Quanto a mim, preparo-me para o baptismo e primeira comunhão.

Como sempre li muito, ando devorando tudo o que encontro sobre o tema apaixonante da Igreja Católica... livros, sites, música, catecismo, história da Igreja... Lamento apenas ter demorado tanto tempo para tomar essa decisão.

As objecções protestantes à doutrina católica caíram em semanas, uma a uma, pois nada resiste à graça de Cristo e o entendimento da Tradição e do Magistério da Igreja.

Após esta minha conversão, ao pesquisar na internet, descobri que não estava sozinho. Em diversos países do mundo, em menor escala no Brasil, Pastores e líderes protestantes e muitos outros têm se convertido ao catolicismo. Scott Hahn, Marcus Brodi, Francis Beckwith, dentre outros tantos.

Aos meus amigos Protestantes, saibam que muito aprendi com todos vocês, e que as diferenças que agora se apresentam, não vão diminuir o apreço e a amizade que tenho por todos.


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