terça-feira, 16 de março de 2010

Contemplação - Thomas Merton

A contemplação é também a resposta a um chamado. Um chamado d´Aquele que não tem voz e no entanto Se faz ouvir em tudo que existe, e que, sobretudo, fala nas profundezas do nosso próprio ser, pois nós somos palavras d´Ele. Mas somos palavras que existem para responder a Ele, atendê-Lo, fazer-Lhe eco e mesmo, de certo modo, para estarem repletas d´Ele, contê-Lo e significá-Lo. A contemplação é esse eco. É uma profunda ressonância no mais íntimo centro do nosso espírito, onde a nossa própria vida perde a sua voz específica e ecoa a majestade e a misericórdia d´Aquele que é oculto mas Vivo.

É um despertar, uma iluminação, e a apreensão intuitiva, espantosa, com que o amor se certifica da intervenção criadora e dinâmica de Deus na nossa vida quotidiana. A contemplação, portanto, não “encontra” simplesmente uma ideia clara sobre Deus, confinando-O dentro dos limites dessa ideia, retendo-O como um prisioneiro a quem Se pode sempre voltar. Pelo contrário, a contemplação é que é por Ele arrebatada e transportada ao Seu próprio domínio, ao Seu mistério, à Sua liberdade.


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