sexta-feira, 15 de junho de 2007

Numa noite de maiores insónias...

A verdadeira identidade do Cristão é a daquele que se deixa encontrar por Deus, através de Cristo, e que investe numa relação de Amor com Ele. Investe numa relação pessoal, porque é entre a sua pessoa e a pessoa de Cristo. Só aí se pode dar o verdadeiro encontro e não um superficial conhecimento. E ao fazer isto, por encontrar não somente o Deus mas o Homem perfeito, vai-se encontrar a si próprio. E através deste encontro de si mesmo pode de maneira mais madura encontrar os outros na sua relação com eles.

Ser cristão é conhecer a Deus num diálogo pessoal, mas do mesmo modo reconhecer perfeitamente Deus em cada um dos outros que o rodeiam, empenhando-se do mesmo modo em estabelecer uma relação viva e saudável com ambos. Estabelecer o diálogo com Cristo é abrir-se à relação comunitária. Só assim faz sentido a aparente loucura do Cristianismo – o facto de o próprio Deus se ter feito Homem – e ser possível chegar a Deus através desse Homem.

A implicação dos outros no projecto de salvação de Deus para o Homem torna o Cristianismo este modelo único de sentido comunitário – já que a minha salvação está intimamente relacionada com a salvação de todos. Por isso a vida de qualquer cristão requer conversão e doação aos outros. Porque o imitar Cristo tem consequências na vida do dia a dia, pelos actos de amor aos outros; servindo, à imagem de Cristo.

É um encontro, um diálogo que se faz na intimidade de cada um, evidentemente, mas com implicações que vão muito para além da minha individualidade.

Falar de encontro é falar de mudança, porque da experiência do encontro nasce a vontade de crescer, de aprofundar essa mesma relação. Como tal, o ser humano, um dos dois sujeitos deste diálogo, terá que se dispor, na sua totalidade e com todas as suas faculdades, a entregar-se, a auto-implicar-se. É Deus quem toma a iniciativa, é Mistério - mas é gratuidade; dá-se totalmente ao Homem que O quiser receber. É transcendente mas acessível ao Homem desde que este se transcenda na relação.

Ao Homem cabe a não menos importante parte da relação – a resposta a esta vocação, no seu sentido etimológico de chamada. Este diálogo Deus/Homem não acontece sem a iniciativa divina, certo; mas não acontecerá também sem a resposta do Homem, que deixa tudo para ir ao encontro de Deus; o Homem que foi feito à imagem e semelhança de Deus e que, pela sua relação pessoal com Cristo vai deixando que a sua identidade seja cada vez mais a d’Ele.
Bjs e abrçs,
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1 comentário:

Pyny disse...

Obrigado por partilhares a tua reflexão. Tantas vezes não damos importância à nossa identidade como Cristãos. Obrigado. Ajuda-me imenso a rezar! Abraço