quarta-feira, 19 de abril de 2006

coitado do Como Eu

Ainda não terminei a leitura desta encíclica papal e tá-se-me em querer que devia reler daqui a nada. O Papa aborda o tema de uma maneira espectacular. Na semana passada referiu novamente algumas ideias: Como o Amor a Deus não pode ser imposto, por definição, para se aceitar Deus é preciso um acto expresso da nossa vontade. É o próprio Deus que vem ao nosso encontro, é Ele quem se baixa até nós. Mas o drama do homem está em poder dizer que não. "O amor do Senhor não conhece limites, mas o homem pode pôr-lhe limites. O que é que torna o homem imundo? É a recusa do amor, o não querer ser amado, o não amar."

O progresso científico é das melhores coisas que nos podia ter acontecido, senão reparem: hoje podemos aderir livremente ao amor de Deus, enquanto que outrora a evidente fragilidade nos impulsionava a tal. Imaginem como era antigamente: cada vez que alguém espirrava dizia-se logo "santinho!" não por cortesia, mas porque se podia estar a contrair uma gripe ou outra doença fatal! Quando faziamos uma viagem a pé ou cavalo estávamos à mercê de um qualquer bando de malfeitores; se havia um mau ano de colheitas poderia vir a fome, doenças e até guerra.

Hoje, neste jardim à beira-mar plantado, a vida é diferente, pelo menos para quem lê este blog. Nem me refiro ao acesso à internet. Falo de, nestes anos todos de vida, sempre que temos doença podermos aceder a médico/farmácia/hospital que mais tarde ou mais cedo resolve. Falo nas variadíssimas refeições que podemos ter, sendo inclusive considerado de qualidade superior o recurso a cozinha vegetariana. Enfim, um sem número de situações onde Deus não é chamado para nada e que nos garantem uma vida espectacular. Deus não precisa de ir à neve, Deus não precisa de ir à praia. Mas nós queremos que ele venha. É aqui que entra o seu Amor. A proposta que ele tem e que agora se revela mais do que nunca é um acto de adesão ao seu Amor! É grates!

Compreender isto não é nada fácil. Quem não estiver minimamente preparado pode pensar que andamos à procura de novos pecados. Talvez trocar o almoço e o jantar pela leitura do Record e da Bola resolva os nossos problemas. Provavelmente quem optar por esta situação ao fim de quinze dias acaba no hospital a levar soro e a confessar-se ao médico das urgências... que até pode ser alguém conhecido, ex-equipista, por exemplo.

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6 comentários:

Domingueira disse...

Senzhugo, o link dos novos pecados é muito mau...
Expressões como "penitênciário-mor", confissão "prática em queda" são muito tristes...
Temos de arranjar um oficial da Santa Madre Igreja!

Senzhugo disse...

domingueira: o link é mau?? o link é o que foi escrito por uma das principais cadeias de tv portuguesas. Mau ou bom, foi o q entrou pela casa de muita gente. Parece-me que é precisamente estes desconhecimentos que devem ser explicados.
Prática em queda: já me confessei em português, espanhol e inglês. Para o ano ainda vou aprender alemão lol

pguedes disse...

sim hugo.. sempre valia a pena um post sobre o assunto.

Sendo o Homem o mesmo (constituíção física / forma de raciocionar / necessidades elementares) é estrondosa a diferença do quotidiano que se leva hoje com o de há poucas gerações atrás.

e o Como Eu? o mesmo,
e o Seu amor? o mesmo,

Desmensurávelmente grande.

Digo te uma coisa...Por enquanto temos """"apenas"""" de reaprender a Amar. Qualquer dia, com o tipo de vida que cada vez mais é "imposta" ao tal homem comum, temos mesmo de reaprender a ler...

Mariana: sobre a questão dos "novos pecados": http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=31360

pguedes disse...

Recebi hoje no meu email um comunicado do EAQ sobre este tema:
aqui fica.

"Amigos leitores do EAQ em língua portuguesa

Os nossos tempos, com as suas características próprias, vêm exigindo da Igreja novas atitudes pastorais, que respondam ao estilo de vida e às preocupações dos homens e das mulheres de hoje. Definir balizas, propor regras, aconselhar e prevenir faz parte dessas atitudes…

Recentemente, pela boca do cardeal James Francis Stafford, penitenciário-mor do Vaticano, foram denunciadas e etiquetadas como pecado algumas formas de utilizar as novas tecnologias da informação, designadamente a leitura de jornais, a navegação na Internet e a televisão em excesso.

A esse propósito, um teólogo comentou: «Não há dúvida que hoje há um gasto imoderado de tempo que leva muitas vezes a grande passividade, à distracção do mais importante. O que há fundamentalmente é falta de amor».

E outro aconselha: «Quando se prejudicaram a si próprias, quando não cumpriram os seus deveres, quando prejudicaram a vida familiar por causa desses excessos, as pessoas podem referir essa questão quando se confessarem».

Recordemos que o próprio Papa, no seu encontro com jovens universitários no passado Domingo de Ramos, dedicado neste ano ao tema «Projectar a cultura: a linguagem dos meios de comunicação», reconheceu: «Infelizmente, temos de constatar que em nosso tempo as tecnologias e os meios de comunicação nem sempre favorecem as relações pessoais».

Nada disto contraria, contudo, as directivas de João Paulo II em 1992 a propósito da Nova Evangelização, “nova no ardor, nova nas expressões, nova nos métodos”: todos os meios são bons para levar a Boa Nova “a toda a criatura”, incluindo a Internet. É o que tem feito Evangelho Quotidiano, com o conhecimento e bênção dos nossos Bispos. É o que continuaremos a fazer, com o vosso apoio e amizade.

Que o Senhor nos continue a dar santas e felizes festas pascais.

Cordialmente

A equipa portuguesa de Evangelho Quotidiano"

Senzhugo disse...

é uma explicação muito simples e que devia era chegar aos jornais que publicaram a notícia anterior.

João Silveira disse...

Os pecados são os mesmos desde sempre. A maneira de pecar é que vai mudando...